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terça-feira, 30 de novembro de 2010

PSICOMOTRICIDADE e TRANSPSICOMOTRICIDADE

     UMA BREVE VISÃO SOBRE A PSICOMOTRICIDADE



  
Luciane de Medeiros Mignone


Psicomotricidade é uma ciência profilática, educativa e reeducativa. É a relação recíproca entre a parte motora, emocional e psicológica. Existem dois tipos de psicomotricidade: psicomotricidade clínica, na qual trabalha-se a unidade do ser psicossocial e suas relações com o meio; e a psicomotricidade educacional, na qual trabalha-se a motricidade e suas relações com a escrita e a fala. Quando corpo e mente estão equilibrados, o lado psicomotor não apresentará falhas.
O desenvolvimento Psicomotor se inicia a partir da concepção. As emoções constituem o primeiro sistema de comunicação da criança com a mãe. Essa comunicação é traduzida por impulsos motores. Ao nascer, a criança ainda não domina os movimentos do corpo. Portanto, caracteriza um estágio psicomotor fragmentado a caminho de uma unificação, integração e desenvolvimento. A mãe ou quem cuida da criança tem uma importância fundamental no desenvolvimento da sua noção corporal, pois é por intermédio do outro que ela se constrói pouco a pouco. Quando se pula uma etapa do desenvolvimento psicomotor, como o engatinhar, a criança tende a apresentar um bloqueio psicomotor, podendo chegar a troca de letras na escrita ou fala, por exemplo. O desenvolvimento psicomotor é o preparatório para a fase da alfabetização
A psicomotricidade estimula o Esquema Corporal, a Lateralidade, a Estrutura Espacial, a Orientação Temporal e as Percepções. Todas essas partes estão interligadas e compõem o Esquema Corporal. 
Essa relação das partes do esquema corporal é amadurecida com o ato de brincar, da prática do esporte e de todos os exercícios ligados às percepções e estimulações cognitivas. A criança se desenvolve corretamente com essas percepções sendo estimuladas no decorrer da infância e que interferirão na parte cognitiva. Tudo está interligado, esses intercâmbios facilitarão no desenvolvimento psicomotor do ser humano.
Quando ocorrem defasagens psicomotoras, a criança se revela muitas vezes imatura, com falta de atenção, hiperativa, com problema de fala e/ou escrita, por exemplo. Para superar essas defasagens, a criança deve ser moldada e lapidada através do simples ato de brincar, de praticar esporte, aprender música etc.
De todos os esportes, a natação é provavelmente o melhor para o desenvolvimento psicomotor corporal. Isso porque esse esporte oferece movimentos coordenados de braços e pernas, além da respiração e movimento de cabeça. Acredita-se que é um esporte completo, pois trabalha-se também o ritmo corporal. Mas há aqueles exercícios que estão ligados à coordenação motora fina, que são os que demandam movimentos de detalhes com as mãos, revelados na grafia e pintura, por exemplo. Quando a criança estuda música, ela desenvolve as percepções auditiva, visual, rítmica e trabalha a atenção. Os estudos de piano, por exemplo, permitem que a criança desenvolva a percepção visual, a partir da leitura de partitura. Também os estudos de piano estimulam a atenção, isso ocorre porque a criança se empenha na leitura das notas musicais, além de ajudar no desenvolvimento das percepções auditiva, rítmica e coordenação motora fina. Brincar, dançar, aprender música e nadar são necessários para o desenvolvimento infantil. Mais tarde, este ser se tornará adulto e irá agradecer.
Psicomotricidade é a ciência que estuda o desenvolvimento do ser humano como um todo, o ser que necessita estar íntegro, inteiro, para viver satisfatoriamente a sua plenitude no seu dia a dia .


O ATO DE BRINCAR





A criança se desenvolve brincando. Quando se brinca, desenvolve-se a relação com outra criança, o ser social, o ser emocional e também o esquema corporal, como foi dito anteriormente, o qual envolve as percepções (visual, rítmica, auditiva e tátil), a lateralidade (direita e esquerda), a orientação espacial (em cima, embaixo, a frente e atrás etc), a temporal (ontem, hoje, e amanhã). Nada mais sensato para uma criança, em termos de psicomotricidade, do que vê-la brincando e se relacionando com as outras crianças. O desenvolvimento psicomotor surge com a atividade lúdica, tanto quanto o desenvolvimento emocional ou relacional. A simplicidade é a base para uma criança crescer bem e feliz. Por meio da brincadeira a criança restaura a alegria, o estado emocional e a leva para um estado de equilíbrio.
Existe uma ONG na área psicomotora que se chama “Brincar é Viver”. Este projeto foi criado por uma equipe da UERJ e é dirigido pelos mestres da psicomotricidade, Prof. Dr. Eduardo Costa e pela Profa. Henriette S. e Mello, a partir de projeto de extensão, coordenado por eles, na Faculdade de Educação da UERJ (1998 - 2013), atuando no HUPE, HEMORIO e INCA. No HUPE, o trabalho é executado na pediatria do Hospital Pedro Ernesto e a idéia é permitir que a criança hospitalizada possa brincar, como uma espécie de recreação hospitalar, usando jogos e brinquedos. Desta forma, é criado um ambiente de alegria, um bem estar, que favorece o processo de cura por intermédio da brincadeira. Este projeto é um dos mais bonitos já vistos na área, se não for o mais. [http://www.youtube.com/watch?v=hR-ZzlTgnas].
A brincadeira permite a cura, tanto física quanto emocional, além de reequilibrar a criança quando tem alguma defasagem psicomotora. É a execução da transpsicomotricidade. Portanto, a criança deverá fazer uso da brincadeira como um meio restaurador e tentar explorar ao máximo as variadas formas de brincar. Não se esquecendo de que existe o caráter profilático, que evita um problema psicomotor futuro com o simples ato de brincar.











                 

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

POESIAS







TUAS CARTAS RASGUEI

Pintura de Vladimir Volegov
"Tuas cartas rasguei uma por uma:
cento e catorze páginas e tiras
de juramentos, de promessas, em suma
de perfídias, de sonhos, de mentiras.

Mas… chorei ao rasgá-las! Tinha alguma
cousa a implorar nelas por ti; e as iras
foram-se e, agora, cólera nenhuma
neste peito haverá, por mais que o firas.

Eram mentiras, eu bem sei… No entanto,
cada rompida página era um cardo
que enterrava no peito em cada canto.

E eis porque, ajoelhado, após instantes,
os pedaços juntei… e agora os guardo
com mais amor do que os guardava dantes!"


Humberto de Campos